A Usina
Hidrelétrica de Itaparica, surgiu de um programa de desenvolvimento do governo
brasileiro para a região Nordeste, em meados dos anos 70. Era um suporte para
viabilizar o crescimento da região, que sofria demais com as secas, prolongadas
e muito rígidas, ao longo de todo o ano, como muitos de nós sabemos, e devido a
esses fatores naturais atrasava de forma significativa, o desenvolvimento no
campo, como a agricultura.
O local
escolhido para a construção dessa nova usina, foi na cachoeira de Itaparica, no
rio São Francisco, principal rio da região nordestina, com área de drenagem de
592.479 Km², situada entre duas cidades da região nordeste, porém existia uma
outra usina nas proximidades, uma hidrelétrica velha que já não atendia mais as
necessidades da região, por conter maquinários ultrapassados, muitos fora de
uso, pelo simples fato de serem considerados primitivos para tal operação.
(Foto: Reprodução)
A
construção começou em 1979, e demoraram 9 (nove) anos até o término da mesma (1988). Para que a
hidrelétrica fosse construída foram, literalmente, inundadas três cidades e um
povoado que viviam nas redondezas, correspondente a sua imensa área de ocupação
no terreno. Seu imenso reservatório foi propositalmente construído desta forma
para atender toda a demanda que seus investidores prometeram a população, tem
cerca de 834km (segundo dados da própria empresa) e se estende da cidade de
Petrolândia (uma das cidades afetadas pela inundação da construção das
barragens) até Belém do São Francisco, abrangendo outros municípios, como
Itacuruba e Rondelas (cidades também extintas conforme todo esse problema).
Com o
levantamento da obra da usina, os inundamentos das cidades criaram revoltas
entre as comunidades antigas da região por muitos dos habitantes serem
“tradicionais” e também pelo fato de terem sido retirados de suas cidades
natais, onde construíram suas histórias particulares, de cada família
pertencente a região, tendo os mesmos criado manifestações contra os ocorridos.
Os moradores, organizados em sindicatos, mobilizaram-se e junto a CHESF
(Companhia Hidro Elétrica do São Francisco) e negociaram, desta forma, garantia
de melhores condições de vida, sistema de transporte, moradia, saúde, educação,
área de produção e outras exigências que, para eles e como para qualquer outro
ser humano, seriam importantes numa cidade, para que se tenha uma vida
considerável.
CHESF (Companhia Hidro Elétrica do São
Francisco) e negociaram, desta forma, garantia de melhores condições de vida,
sistema de transporte, moradia, saúde, educação, área de produção e outras
exigências que, para eles e como para qualquer outro ser humano, seriam
importantes numa cidade, para que se tenha uma vida considerável.
(Foto: Reprodução)
Segundo
fontes, a Hidrelétrica nos dias atuais, funciona em Pernambuco e possui
capacidade de gerar quase 1,4 milhões kW. Também, de acordo com informações
obtidas ao logo da pesquisa em relação a este assunto, o reservatório, em
conformidade com a própria companhia fornecedora da energia para o público, é o
segundo maior da geradora de energia (CHESF), com quase 11 bilhões de m³.
Entre
polemicas e soluções, a Usina de Itaparica (por outro lado conhecida como
Hidrelétrica Luiz Gonzaga, em homenagem ao músico e compositor muito conhecido,
não somente naquela região, mas também no Brasil todo como “Rei do Baião
nordestino”) é classificada como uma das principais fontes de energia do
nordeste.
Entre
polemicas e soluções, a Usina de Itaparica (por outro lado conhecida como
Hidrelétrica Luiz Gonzaga, em homenagem ao músico e compositor muito conhecido,
não somente naquela região, mas também no Brasil todo como “Rei do Baião
nordestino”) é classificada como uma das principais fontes de energia do
nordeste.
Para uma melhor interação sobre o assunto, procuramos um professor de geografia, o Professor Ricardo Almeida, que não quis identificar a instituição de ensino na qual ele trabalha, para uma breve entrevista sobre alguns pontos da Usina Hidrelétrica Luiz Gonzaga, a antiga Usina de Itaparica. Ele nos deu uma ideia de como a construção da barragem afetou a região historicamente e sócio-economicamente, além de seus pontos de vistas ambientais.
Entrevista
com o Professor Ricardo Almeida.
Considerando a época em
que o projeto da Usina Hidrelétrica de Itaparica foi posto em construção. Havia
algum tipo de motivação política por trás disso, ou existia mesmo uma
necessidade de aumentar a capacidade de geração de energia no país?
-
Até tinha algum motivo político, até porque estamos falando do período da
ditadura militar e sempre havia algum motivo para eles, mas a necessidade de
uma maior produção energética foi realmente o que levou a obra para frente.
Muito devido a crise do petróleo da metade pro final dos anos 70, o que gerou
uma elevação absurda nos preços, fazendo que não apenas o Brasil, mas outros
países se vissem forçados a buscarem novas formas de geração de energia.
Fugindo das convencionais da época e causando menos dano ambiental, com o uso
de fontes renováveis, no caso do Brasil, a água.
Como era
sócio-economicamente a região que foi utilizada para a construção da Usina e
como a usina afetou no desenvolvimento das cidades ao entorno daquela região?
-
As localidades que tiveram de ser inundadas para se construir a usina, eram
pobres, de poucos recursos, além de muito secas e de agricultura muito difícil,
como boa parte da região nordeste na década de 70. Querendo ou não, a usina
levou progresso aos locais e solucionou o problema da falta de água, já que
utilizava e represava a água do Rio São Francisco, fazendo assim o
abastecimento de várias cidades. Com a água, veio o desenvolvimento, uma região
que antes mal podia plantar e colher, hoje já tem empresas que conseguem
aproveitar o potencial daquela área, não apenas para agricultura o que é o
principal, mas também para o comércio.
Do ponto de vista
social, quais foram as principais conseqüências para a população antes, durante
e depois da construção da usina?
-
Socialmente não foi muito bonito logo de começo. A ideia de se alagar uma área
bem grande como aquela não soou bem para a população de modo geral,
principalmente para os habitantes das comunidades que perderiam as suas casas,
obviamente, o que ocasionou inúmeros protestos.
Houve
um grande êxodo daquela região, uma massa de pessoas tendo de se deslocar pra
um local “totalmente” desconhecido. O número de pessoas que saíram de lá eu não
vou saber te precisar, mas para ter uma noção, pense num estádio cheio de
capacidade de pelo menos umas 50 mil pessoas, com famílias, animais e outras
coisas.
Imagine
essa gente toda chegando num local estranho e tendo de se alocar onde conseguia,
sem boa infraestrutura e terra, o que acaba gerando um processo de
“favelização” da localidade.
Porém
nem tudo foi ruim. A construção da usina gerou emprego, pessoas de todo o
nordeste e norte foram para lá e movimentaram a economia do entorno da obra e
posteriormente das cidades que se formaram ao redor. Como eu já disse antes, a
usina acabou com o problema de abastecimento da região e ainda aumentou consideravelmente
produção de energia, sendo uma das usinas mais importantes do Nordeste,
acredito eu.
Para a construção da
usina, era necessário inundar uma grande área, quais foram os principais
impactos que a obra teve no meio-ambiente e de que forma afetou o espaço
geográfico?
-
Na construção de qualquer barragem, você vai precisar criar um lago artificial
e para cria-lo, você precisa mexer no curso de algum rio, retirando a água de
um ponto e levando para outro. Tendo a barragem pronta, toda uma área vai ser
inundada, o que vai causar danos ao ecossistema nativo, com a perda de recursos
de solo, recursos vegetais, o que acaba gerando também uma mudança nos hábitos
dos animais que costumam habitar o local a ser alagado.
No
espaço, bem, houve uma mudança drástica na paisagem, o que antes eram terras
secas, de poucas casas e plantações, “tornou-se mar” e com uma barreira de mais
de 100 metros de altura pra segurar a água.
Atualmente, quanto a
Usina Luiz Gonzaga é importante para a geração de energia da região nordeste e
para o abastecimento da região?
-
Exatamente eu não vou saber o quanto de importância esta usina tem para o
Nordeste, mas com já disse, acredito que seja uma das mais importantes, já que
existem outras a beira do Rio São Francisco na região. Devido ao crescimento da
região nordeste, tanto na economia, quanto na população é provável que hoje ela
seja quase que imprescindível devido a demanda hoje existente.